terça-feira, 16 de setembro de 2008

Delft


Perdi o cartão de memória antes de ir para a Holanda. No comments. Mas no comments mesmo, an? Agora tenho que recorrer à tarefa árdua de escrever um post sem imagem, algo que nunca fiz e que complica muito as coisas, já que metade do texto não está já mais que escrito.
A partir de agora, sempre que me perguntarem onde anda o meu namorado, eu respondo: foi para o campo. Emigração rural. Vai para a escola de bicicleta, vive numa espécie de comunidade super acolhedora que partilha a cozinha e a casa-de-banho, numa casa Ikea cheia de gatinhos gigantes de tanto pêlo bem tratadinho. Come panquecas ao pequeno almoço e bolachas com caramelo durante o dia inteiro, mas não engorda, porque no campo não se engorda (anda-se de bicicleta e joga-se futebol).
As casas holandesas não têm cortinas ou janelas: têm montras. Ao passar na rua, olho para dentro das casas e há um gato num sofá design, uma pessoa à frente de um Mac, alguém que faz a sua vida normal perante toda e qualquer pessoa que se plante no passeio de olhar intrometido. Às seis da tarde está tudo a voltar do trabalho, às dez da noite está tudo a dormir. E eu não consegui tirar da cara aquele olhar ridiculamente feliz de quem encontrou finalmente a cidade dos pequenos póneis, um bocadinho menos cor-de-rosa, talvez.
Desta vez não houve lágrimas. Houve um gato enorme que não nos deixou despedir como deve ser, de tanto se tentar enfiar no nosso colo. Houve o pensamento de que em Novembro estou de volta a Delft para descansar a cabeça desta Paris que sim, é bonita, mas que não, não pára nunca.

5 comentários:

Anónimo disse...

Parece que sou a primeira a espreitar na tua janela de referências. Por mim, embora admire o brilho das montras de Delft, com que os Holandeses se abrem ao mundo, que sabem indiferente e ocupado "ailleurs", contrariamente ao nosso, de curiosidade provinciana, ressalvo a minha privacidade, "com cortinas na janela e o luar, mais o sol que bate nelas", abrindo as janelas ou não, conforme me apetece ou não gozar o sol e o luar da canção. Um beijinho, Ana, que bom voltar a ler-te!

Anónimo disse...

ahhh que eu morro já do coração!! aiiii que saudades tão grandes...tão grandes tão grandes tão grandes tão grande stão grandes...

(ok, vou parar...)

Anónimo disse...

Apesar do no comments mesmo, an "Eu não acredito!!!!"
mãe

Fátima disse...

ooooh. eu quero. viajar. holanda. cidades cor-de-rosa. pequenos ponéis. despedidas lamechas. paris. margarida. saudades!

Ricardo disse...

Sem cartão de memória fico desmiolado - é o mesmo que estar com os meus dois neurónios off (sim, porque eu tenho sempre um on). Então foste para a Holanda para ver montras e Paris, que tem tanto para montrer, perdeu a tua companhia durante dois dias. Precisas que te mande algum cartão de memória de Portugal? Olha que já estás há muito tempo sem blogar e os cartões de memória portugueses são mesmo bons. Pelo menos tens feito fotos muito giras ultimamente - aquela do continente pelas ruas da amargura está o máximo.
A propósito de gatos gordos - a Flaflu Mia continua a crescer, ou está a definhar com saudades tuas?