quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Aveiro


Acontece de vez em quando. Um travo a ovos moles, às vezes, é suficiente para acordar o meu lado do cérebro que venera esta cidade, mas que passa a maior parte do tempo a dormir, para que eu seja uma pessoa feliz. Desta vez, foi a namorada do meu primo Luís, a Adriana. Há três anos que chega com aquela pronúncia fresca e despreocupada, que não é simplesmente do Norte. É de Aveiro.
O cérebro abriu um olhinho, como sempre, quando ela chega, mas voltou a adormecer. É um preguiçoso incurável, está habituado às cafezadas nocturnas no espaço dos arredores, que parece Marrocos. E aos passeios pelo Fórum em saldos, ao frio e à chuva, que não desencorajam o cartão multibanco que fica poucos minutos dentro da carteira. E ao Avenida, onde se passa a tarde à frente de um bolo qualquer. E ao telemóvel, sempre esperançoso em Aveiro, a convidar para ir à praia da Barra, onde o tempo está sempre insuportável, mesmo que o país inteiro esteja em alerta vermelho. E aos tremoços. O cérebro, preguiçoso, sabia que não estava em Aveiro. Ainda por cima este ano decidimo-nos pelo Turismo Rural no Alentejo, onde não vou, certamente, comprar um casaco para o Inverno...
Mas este fim-de-semana, o despertador desprogramou-se. Para além da Adriana, foi a prima da Inês, a Andreia, que disse que ia fazer Mestrado em Aveiro. E aí, o meu cérebro, que vai estar dois anos numa cidade de gente antipática, acordou de vez. E bem disposto!
Em Aveiro as meninas da Zara não dizem boa tarde. Dizem olá. Ninguém consegue sair do hotel sem escrevinhar qualquer coisa que meta a palavra simpatia no livro de visitas. Há bicicletas que andam por cima da ria, ao lado dos moliceiros. Há a possibilidade de encontrar o Fernando Cascais (até isso sabe bem em Aveiro). Há a bola de carne e os ovos moles.
Não, não nasci em Aveiro. Não, não vivi em Aveiro. Passei lá muitas Páscoas, muitos feriados e muitos Verões. Mas parece que por lá se começam bons namoros. E parece que por lá ainda vou ter que passear, este Verão, o lado do cérebro que, agora, precisa que lhe conte histórias para adormecer.

5 comentários:

Ricardo disse...

Aveiro é a cidade onde nasci! Só agora me dou conta de como também gosto dela ;-) Mas não foste acampar com o teu namorado ainda há dois dias? Já estás a falar em começar namoros em Aveiro... humm... deixa-me ver – então nem sequer consegues aguentar até Paris?

Anónimo disse...

aveiro é perto! vamos?

Fátima disse...

oh =) sim, também gosto muito. Aveiro e Porto são sempre cidades a revisitar...

Anónimo disse...

Fixolas o teu texto sobre a cidade onde tudo pode acontecer XD hehe.
Mas quando dizes que: "Há a bola de carne e os ovos moles." falta-te referir as tripas de aveiro, isso pouca gente sabe o que é =), talvez seria um bom texto para adicionare às 3 da tarde :P. Beijinhos**

Anónimo disse...

Aveiro! A cidade Bela...
Sempre eide regressar.
O teu texto está altamente!