sexta-feira, 27 de junho de 2008

Previsões para o estado do mar


Que chata, não se cala com a bandeira portuguesa, a Margarida! Ela e essa cambada de pseudo-intelectuais que se insurgem contra as demonstrações de patriotismo de um país que entretanto se esqueceu que já foi eliminado do Euro!
Mas quer dizer, sou só eu que acho parvo pôr uma bandeira de Portugal na praia? É que as bandeiras nas praias é suposto terem um significado, significado esse que passa exactamente pelas cores: verde, amarelo e vermelho. Pronto, as pessoas também não são estúpidas e percebem que a bandeira é a portuguesa, mas não deixa de ser ridículo ter o conjunto das três corzinhas fulcrais para a compreensão do estado do mar, espetado no chão da esplanada. É tão parvo como colocar à porta do café um papel a dizer "Aberto, Fechado e Volto Já".
Vão lá mostrar o quanto gostam da ASAE, das greves, do Governo contra as greves, da Manuela Ferreira Leite, do Sócrates, do calor que não dá jeito para trabalhar, do frio que se põe ao fim do dia quando o trabalho acaba, dos médicos de férias, dos médicos que não têm férias e de tudo o que passa nos telejornais sempre optimistas em relação ao país. Mas mostrem-no na varanda lá de casa, não andem aqui a tentar confundir os estrangeiros e os distraídos!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vamos brincar aos médicos?


Digo-vos uma coisa... pior que a Loja do Cidadão, a secretaria da FCSH, o Apoio a Clientes da TMN às seis da tarde, o trânsito de manhã a partir do nó do estádio, tudo somadinho, é o Centro de Saúde.
No primeiro dia, entrei e tirei uma senha daquele presunto que está à entrada (o objecto encarnado que fabrica senhas de vez, espero que dê para visualizar), ao lado do segurança. Ainda faltavam oitenta senhas para chegar à minha. Não faz mal, há lugar sentado e uma pilha de TV 7 dias. Vim a descobrir mais tarde que não precisava de ter tirado a senha do presunto (amarela), porque havia senhas verdes guardadas na gaveta para as pessoas que só queriam uma receita (que era o meu caso) e para as quais o tempo de espera era de aproximadamente 15 minutos. Mas para aceder a essa senha seria preciso especificar a situação ao segurança, preencher um papelinho, assinar e cortar pelo picotado. Depois, aí sim, ele abriria a gaveta com a chave e tiraria a senha dos 15 minutos. Ora, ninguém sabe disto, por isso é que a única senha que está no presunto, a amarela, tem um tempo de espera de uma hora.
Ninguém gosta de esperar, portanto devem imaginar que o ambiente é um bocado tenso. Ainda por cima está calor, as paredes são amarelo-pálido, as senhoras da recepção não são especialmente prestáveis, há pessoas doentes... mas sobretudo, ninguém gosta de esperar sem razão.
Eram então duas horas, quando um senhor, farto de ouvir a recepcionista ao telefone com o filho "Tens que te preparar para o exame de português!", decidiu desligar a PlayStation Portable, levantar-se e perguntar a que se devia a espera de quatro horas a que tinha sido sujeito. Tinha marcado consulta para um médico e nunca mais era chamado. Quatro horas... isto é um sinal de que a PlayStation num lugar como este aparvalha as pessoas. Então o senhor espera quatro horas pelo médico e só vai perguntar o que se passa quatro horas depois? Não sei, parece-me que há por aqui algures um problema social também...
Anyway, o senhor obteve a seguinte resposta: "Ah, mas o médico hoje não vem, eu há bocado fui à sala de espera dizer". Bem... obviamente que não tinha ido dizer coisíssima nenhuma, porque se amotinou logo ali uma ou duas dezenas de pessoas que não tinha conhecimento do facto (e que também tinha esperado quatro horas... e sem PlayStation, o que é ainda mais grave). O que se passou a seguir foi bastante surreal. Por entre gritos e pessoas que saltavam como num desenho animado, ouvia-se a voz do senhor da PlayStation: "Você é uma mentirossa!!", "Vocês são todas é uma cambada de mentirossas!", "Uma carga de porrada era o que você merecia!", "Mentirossa!". E enquanto dizia isto, movimentava-se nervosamente de um lado para o outro e levantava a mão para aplicar a tal carga de porrada, formando um círculo vazio à volta dele, onde se sentia, sobretudo, medo. Veio então a PSP, que encheu o centro de saúde de uma cor azul, mas que não pôde fazer mais nada, porque, afinal de contas, "O senhor tem razão! Coitado, tanto tempo à espera! Não se faz...". Claro, uma carga de porrada é que era! Livro de Reclamações, queixinhas ao Ministério da Saúde, isso é para meninos! Uma carga de porrada sim! Claro que eu não diria para prender ou tratar mal o senhor (estar num Centro de Saúde já é em si uma condenação muito dolorosa), mas umas palavrinhas para o acalmar não teria sido má ideia...
E querem saber o que aconteceu no final? Os doentes foram distribuídos por outros médicos que lá estavam e numa hora estavam prontos para ir à sua vidinha. As senhoras da recepção encheram-se de boa vontade e profissionalismo (woooow), louvadas sejam! Agora expliquem-me, se souberem (o que não acredito) porque é que esta decisão não foi tomada antes do motim.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Os sapatos Não-Margarida


Depois do meu interregno de quatro meses e da decisão de ir correr todos os dias (decisão que rapidamente se transformou em dia sim dia não), fui sair à noite. E fiquei contente por perceber que ainda conheço bem as músicas que passam (embora continue a inventar as letras), que o Tamariz continua a estar cheio de pessoas que aspiram a VIPs, que ainda se verificam tentativas subtis de engate, que os porteiros continuam a promover filas de uma hora, que a lei do tabaco é barrada à entrada (o meu vestido e os meus cabelos comprovam) e que ainda fico com bolhas nos pés (preciso urgentemente desses deuses chamados Chie Mihara: a brasileira com nome japonês e com lojas em Paris e Nova Iorque, que vende, nem mais nem menos, sapatos ortopédicos para sair à noite). Ainda assim, resisti às Havaianas que gritavam histericamente por mim, sufocadas dentro da mala (nunca se sabe quando vamos querer parar de brincar às senhoras crescidas...).
Nessa manhã, tinha ido arranjar os pés. É sempre uma situação bonita, que gostaria de guardar para mim, mas que decidi corajosamente partilhar convosco. Quem me conhece minimamente, está a par do desprezo que nutro por essa parte horrível do corpo, que para além de ser feia, cheira mal. Mas já que ia sair, porque não tentar torná-la, pelo menos, passível de se exibir perante a visão? Pois os meus pés estiveram enfiados uma boa meia hora numa máquina que, estrategicamente, faz bolhinhas NA PLANTA DOS PÉS! Mas que ideia foi esta de pôr bolhinhas por baixo dos pés? Mas esta gente tornou-se toda extra-terrestre e passou a adorar ter cócegas? E vamos lá cortar a unha (que palavra horrível) com um alicate, como se a menina tivesse oitenta anos e não cortasse as unhas (grrr) há dez! E vamos lá enfira-lhe um guardanapo entre os dedos para lhe pintar as ..... (já chega, há um limite para utilizar esta palavra)! E oiça lá esta história do meu marido que adora pregar partidas e cuja última ideia foi a de substituir os dossiers, estojos, livros e jornais da mala de um colega, por excrementos (não sei bem de que animal, não perguntei, mas imagino que não fossem de bichinhos da seda...).
Foi duro. Mas sair do interregno implica este género de sacrifícios. Claro que os pés que se enfiam em saltos altos acabam sempre descalços em cima dos pedais do carro, que costumam acolher as solas de outros sapatos e que, portanto, estão sujos (pretos). E chegam a casa desgraçados, porque a pessoa que anda em cima deles gosta de dançar. Ainda bem. O raio dos pés, é bem feito!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A grande notícia


Hoje, no Público, vinha uma notícia com o seguinte título: "Centros de inspecção automóvel podem ser obrigados a ter câmaras de videovigilância".
Não sei como foi convosco, mas da primeira vez que o meu carrinho teve que ir à inspecção, fui pô-lo no mecânico antes, para ver se estava dentro da lei (se não tinha os forros dos bancos rotos, se o cinzeiro ainda tinha a tampinha, enfim, coisas super importantes para o funcionamento de qualquer viatura). A minha ideia inicial era a de ficar a supervisionar o trabalho do Sr. Pinto, enquanto lhe dava uma mãozinha se fosse preciso. Ao final do dia, traria o Renault para casa para o levar à inspecção no dia seguinte. Mas ele não quis. "Oh minha menina, nem pense que leva o carro à inspecção! Deixe lá que eu levo, é melhor...".
Podem imaginar o que isto me revoltou. Não se trata aqui de ter o carro arranjado e de não causar problemas na estrada. Trata-se de quem leva o carro à inspecção. Metro e meio no feminino não passa, pensei eu. Mas o Sr. Pinto foi mais longe. "Não é por ser homem ou mulher, é que quando vai o mecânico é mais simples. Eu já conheço bem o senhor da Inspecção". Pronto, muito mais justo assim. Não há discriminação de sexos, mas conhecer o senhor ajuda muito. Um mecânico é uma espécie de Tony Soprano (espero que com um pouco menos de violência associada).
Claro que isto levanta a discussão mais que debatida da corrupção nos centros de inspecção de veículos, por isso nem vale a pena estar para aqui a alongar-me. Mas se, em muitos momentos, considero as câmaras de vigilância espalhadas por todo o lado, objectos de controlo assustadores, violadores da privacidade, que operam protegidos pela desculpa de que as suas obras primas cinematográficas só são vistas quando há problemas; noutros é com muita pena que constato que são mais que necessárias. O mundo é uma selva... tecnológica.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Correr controlad(íssim)amente


Passem os olhos pela novela brasileira da SIC onde as meninas passeiam os seus corpos de Garota de Ipanema, quase sem roupa. Sintam-se gordas, feias e com a depilação meia por fazer. E usem o sentimento a vosso favor. Tirem da gaveta os calções de desporto com cheiro a mofo, a t-shirt do Gil que compraram da Expo 98, a meia branca da raquete e vão exercitar os gémeos.
Foi o que decidi fazer desde há uns tempos para cá (... duas semanas), quando me disseram que AINDA não posso fazer desporto com os braços. Nunca na minha vidinha me passou pela cabeça que o não poder fazer desporto me fosse causar algum problema. Se há alguém para quem o desporto funcionou, durante muitos anos, como uma experiência bastante traumática, sou eu! Mas o ser humano em versão adulta (cof cof) tem caprichos tão infantilóides, que quando o médico diz "nada de desporto com os braços", ele responde "então toma lá, que vou fazer esse desporto que nunca quis fazer, com as pernas".
E não é que funciona? Desde há umas semanas para cá, o paredão de S. Pedro ganhou uma Margarida que fica a arfar aos dez minutos de corrida e que solta todo o tipo de coisas nojentas do nariz aos primeiros três. E que não consegue suar de maneira nenhuma, porque fica cansada muito tempo antes. E que chega com as mãos aos joelhos nos alongamentos. Mas que está a melhorar a olhos vistos!
Além disso, o paredão de S. Pedro é especialmente magnífico. Quase vazio, à parte da senhora que passeia o salsicha, do rapaz que também vai exercitar os gémeos (e que leva um aparelho no braço para medir as pulsações) e do casal de namorados que fica sentado nas rochas, acompanhado pela vista mais bonita de Portugal e arredores. Dois pequenos "senãos": os carros que apitam na marginal, que parece que estão constantemente prestes a ter um acidente (que culminaria em cima de mim) e o chão de terra batida. De resto, posso assegurar-vos de que este paredão, mesmo nos dias de chuva, ultrapassa qualquer Holmes Place (não que já tenha frequentado algum, mas não sou muito favorável à ideia de ginásio).

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Festas de Tires


Diz assim a cantora brasileira que está em palco: "Toca a dançar, gente das festas da cidade de Tires!". Eu achei fenomenal. Qual população com mais de x habitantes, qual história de km2, qual hospital! Tires é uma grande cidade! Até tem roda gigante! Já nem a Place de la Concorde tem roda gigante! E a de Tires anda muito mais depressa do que a outra alguma vez sonhou! (eu senti adrenalina na roda gigante de Tires).
"Quem disse que os homens portugueses não dançam?", volta a dizer a senhora brasileira (refiro-me assim à senhora, porque não faço a mínima ideia de quem seja. Houve quem dissesse que era a Ivete Sangalo, mas bom... imagino que não fosse... embora Tires seja uma grande cidade!!!). Pois é, os meus olhinhos viram bem os homens portugueses a dançar! Quem disse que eles não dançam? Quem disse que eles não dão um passinho para o lado, juntam o pé e voltam a dar um passinho para o outro? Quem disse que eles não elevam os ombros à altura da cabeça e não fazem movimentos de tronco para cima e para baixo quase quase ao sabor do ritmo?
E quando já são onze da noite e a senhora que estava em palco é substituída por uma histérica que grita ao microfone qualquer coisa como "E o que é que é preciso fazer para a Ivete Sangalo voltar? AHHHHHHHH", as pessoas começam a andar em direcção à concentração de mitralhada na zona dos carrinhos de choque, onde o assunto é Marianas (pois é, as Marianas não deixaram de existir, foram apenas transferidas para outro lado. É nestes sítios que isto se torna bastante evidente) e onde as pessoas se põem a andar em carroceis que nunca compreenderei.
São as festas da cidade Tires, o grande acontecimento do Quase-Verão. Piadas à parte, o algodão doce, a roda gigante super rápida, as sabrinas a 3 euros, as farturas e os churros... resultam numa festa bem divertida.
(P.S. - o meu corrector automático pergunta-me se quero substituir a palavra churros pela palavra charros!!! Mas o que pensa ele que eu sou??? Ao que isto chegou... já uma pessoa não pode ser certinha e estragar a saúde pela via da obesidade...).

Galp


Acho fantástico o anúncio da Galp em que um grupo enorme de pessoas desocupadas empurra o autocarro da selecção. Aliás, acho que aquele momento (comprido, diga-se de passagem) de televisão, até poderia ter sido da autoria da BP ou da Repsol, ou sei lá de que outra marca. É óbvio que um autocarro que deve ter um tanque infinito, que leva 50 homens com uma média de 80 quilos cada e que anda tantos quilómetros, não ia abastecer na Galp! Ninguém com dois dedos de testa abastece na Galp! Ora a nossa selecção não é diferente.
Pois eis o que aconteceu: "Ai a Galp quer patrocinar a selecção? Ai sim? Então vamos juntar um bando de atrasados mentais que nos leve até à Áustria e à Suíça, porque nós pintamos o autocarro de cor-de-laranja, mas não abastecemos!".
E assim o Simão ficou com ar de enjoo/desprezo, a olhar para os desocupados que formam a "Energia Positiva" vendida pela Galp. Eu também ficaria, aquela porcaria na auto-estrada não deve dar mais de 10km/h!
(Desculpem o atraso, sei que este anúncio já passa há algum tempo, mas não sou uma pessoa especialmente perspicaz...)

sábado, 14 de junho de 2008

A Dona Maria

A casa da Teresa parecia um antro de perdição doméstica. O chão era praticamente invisível, as bancadas pareciam barradas com margarina e o frigorífico cheirava ao mesmo que o caixote do lixo. No quarto era expressamente PROIBIDO entrar e na casa de banho, a sanita fazia aquele espectáculo triste das casas de banho dos anúncios do WC Pato antes de serem exorcizadas com o produto: a sanita fala e mexe-se e diz aos convidados que é infeliz.
Muito farta da situação, a Teresa contactou uma empresa de serviços de limpeza e começou a estudar a hipótese de contratar uma Dona Maria. E foi assim que nasceram os primeiros raios de sol, acompanhados de um cheirinho a AmbiPur, na vida da Teresa. Verdade seja dita, uma senhora a dias é sinal de estabilidade. Ter uma Dona Maria com quem deixar os filhos (ainda inexistentes), com quem conversar sobre a família, com quem partilhar informações acerca do marido (que a Teresa também não tem), é um privilégio digno de uma senhora da classe média!
Antes de adormecer, a Teresa passeava de olhos fechados pela casa cheia de gritos de crianças, com um cheirinho a comida deliciosa "A comida da senhora Maria!" e com um animal (um gatinho, talvez, que é mais pequenino). E passeava descalça, porque o chão estava finalmente limpo.
Estava tão entusiasmada, a Teresa, que, no dia em que dona Maria tocou à campainha pela primeira vez, tinha um lanchinho preparado (e a cozinha ligeiramente arrumada!). A Dona Maria... responsável por tantas noites de alegria a pensar num futuro inacreditavelmente feliz. A Dona Maria... que veio de calças e T-shirt larga, que tinha a barba por fazer e que usava tennis da Nike. A Dona Maria que se revelou, afinal, um homem: o "Senhor" João ("senhor" entre aspas, porque devia ter vinte e tal anos).
E caiu o império feérico, assim: Pfffffffffffffffffff... o rapazinho jeitoso passeava-se de aspirador na mão durante duas horas enquanto a Teresa tentava trabalhar. E cirandava pela casa à procura do pano do pó e da reserva de detergente. E tinha voz de homem e cabelo de homem e barba de homem e suava... não foi preciso muito tempo para ser despedido, coitado. Só por ser homem!
O mundo está a mudar. E é uma grande chatice, porque depois de tanta luta para ver se os senhores do século XXI fazem mais em casa que os do século anterior, eles começam a fazer! E que desagradável ter um homem a dias, quando o que se quer é convidar a dona Maria para lanchar ou para ver a novela! Que conversas se tem com o senhor João? Como é que é possível que o senhor João saiba fazer cozido à portuguesa para as crianças? Pois, mas é. E ainda bem! Só que também não sei se queria ter um senhor todo giro a aspirar-me a casa quando, antes de dormir, quero continuar a sonhar com as gargalhadas dos meus futuros filhos!!! Ai ai... as pessoas são mesmo complicadas...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia de...


Hoje foi dia de Camões, de Portugal, das Comunidades Portuguesas... e de Cristiano Ronaldo. Soube, aliás, através de um repórter da SIC, que os jogadores da selecção até tinham ido ontem ao cabeleireiro! Acho que fazem muito bem, sobretudo porque o resultado é sempre uma maravilha. Cabelo de jogador de futebol é fantástico!
Pois é, dia de Camões, de Portugal, das Comunidades Portuguesas... e de Cristiano Ronaldo em ano de Euro (ou Mundial), é outra coisa! Quando chega o evento futebolístico Europeu (ou Mundial), os portugueses tiram o Pai Natal da varanda e põem a bandeira portuguesa. Mas há os que se afeiçoam tanto à experiência patriótica que deixam o objecto por tempo indefinido, até que fique azul e laranja em vez de verde e vermelho. Na verdade, o que é preciso é que a varanda tenha alguma coisinha. O senhor do condomínio do prédio ao lado do meu, por exemplo, convocou uma reunião extraordinária para decidir se o prédio apoiava, ou não, em massa, a selecção. Claro que sim! Desta forma não há bandeirinhas em todas as janelas, mas uma só, grande e visível, no centro. Não sei, é uma sensação de patriotismo misturada com espírito de grupo e de partilha, que no dia de Camões, de Portugal, das Comunidades Portuguesas... e de Cristiano Ronaldo, fica muito bem.
Este espírito é bastante ridículo, certo, mas tem piada. Tem piada, porque nós nunca ficamos especialmente contentes com nada e quando se trata das escolhas do Scolari até podemos espernear um bocadinho ao início, mas, no fim, tudo é bem aceite. É um espírito simpático. O que é preciso é que a festa comece e que os jornais distribuam bandeirinhas. Daí a piada.
Eu cá acho muito bem. Ok, sem bandeirinha na varanda, mas com vontade gritar à frente da televisão e de dizer coisas como "O Deco não está a jogar nada" (que é o mesmo que dizer que aquele que foi posteriormente eleito o melhor jogador em campo, não está a jogar nada) e "A Nereida é uma pindérica". Um dia destes, quando a minha esperança em Portugal (país, não selecção...) estiver ao nível da de todos os portugueses (por enquanto ainda está acima, não gosto de fatalismos, sou muito nova para isso, há que ser optimista), quem sabe se também não ergo uma bandeira à selecção. Talvez nessa altura a superstar seja o filho do Cristiano Ronaldo. Não, o neto, isso dá-me mais tempo de vida sem bandeira. Talvez trineto mesmo. Se assim for, tenho a certeza de que não fui eu que ergui a bandeira e de que consegui manter a sanidade mental ao longo da vida. Ai, assim até fico com medo de gostar de ver jogos de futebol!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Le Mans



No Sábado fui ao Le Mans! Mas as 24 horas são só daqui a uma semana, de modo que, de certa forma, foi como se tivesse ido passear até ali ao autódromo do Estoril! Na verdade, fui com o objectivo de apoiar um grupo de jovens engenheiros, que construíram carros para correr no circuito Le Mans. Isto foi o que me disseram.
Só que o "circuito do Le Mans" revelou-se um pequeno anexo à pista principal, totalmente inundado logo uns minutos após a inauguração. Às nove horas da manhã, François Fillon (uma figura totalmente desconhecida da política francesa, que acontece ser, também, e meramente por acaso, o Primeiro Ministro) já lá estava a inaugurar o "anexo". Mas "Il pleuvait comme des vaches qui pissent", é uma expressão francesa extremamente delicada, que vou traduzir para: "Chovia torrencialmente". Não houve corrida para ninguém. Estão a ver, não é só em Portugal que as coisas correm mal...
Aquela tarde acabou por revelar-se, no entanto, bastante educativa. É que quando se fecha 30 engenheiros numa sala, porque está a chover, aprende-se muito. Verdades ou não, os senhores engenheiros têm sempre muitas histórias para contar, muitas opiniões acerca de muitas coisas. Seja qual for a área da engenharia para a qual trabalham, os senhores engenheiros sabem falar dos motores do modelo x da Airbus e da forma como o senhor da mercearia poderia ter muito mais lucro. Sabem como se elimina as moscas do quarto e qual o melhor programa de simulação numérica. Claro que depois se aperfeiçoam numa área e ganham certas particularidades.
Estes que conheci trabalhavam todos na indústria automóvel, de modo que eram super apologistas do meio de transporte. Poluição? Isso é mito! As pessoas é que são ignorantes, à custa dos políticos que constroem estatísticas enganadoras! Então e a agricultura? Sabem quanto polui uma vaca? Quanto polui alimentar a vaca, tirar leite à vaca, matar a vaca, tornar a carne de vaca comestível?
Pois é. Realmente era mesmo bom que os políticos começassem a fazer a apologia, junto das massas, da diminuição da poluição, divulgando as emissões de CO2 por parte da indústria agrícola. Comer polui mais que andar de carro. Querem um mundo limpinho e duradouro? Então não comam.
Foi o balanço do meu Le Mans. Fica aqui em baixo um vídeo de má qualidade, que mostra os únicos carros que vi no VERDADEIRO circuito do Le Mans nesse dia (e não no anexo inundado). Decidi ir lá espreitar. Que sorte a minha, an?