quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Back to White


O perfume é a oportunidade de ter em casa uma peça Chanel, Armani ou Dior. Pelos meus armários passam Zaras, HMs e Massimo-Duttis-dos-saldos. Pela minha cómoda desfilam estilistas de renome. O perfume é caro. Mas não tão caro como os sapatos.
O perfume cria laços. Pela óbvia relação entre cheiros, pessoas e lugares, mas também pela fragrância em si, que nos conquista, vá-se lá saber porquê. É pessoal e único (sei bem que não é, mas parece). Define-nos.
Perfume pode ser chic, piroso, insuportável, excêntrico, glamouroso, simples, desportivo. Perfume é feminino, apesar do género e dos metrosexuais.
Até há um ano atrás, a compra do perfume era, para mim, rotineira. Entrar, comprar, sair. Sabia o que queria. Há cinco anos que sabia o que queria. Depois, o meu perfume desapareceu. Seguiram-se alergias, babas, cheiro a liláses, rosas, pó de talco, jasmim, sabão, frutos exóticos e, finalmente (consequentemente), Creme Gordo da Barral em pomada, que é para que se sinta bem o cheirinhio a Halibut no pescoço. Très chic.
Mas ontem, sem saber porquê, nas prateleiras da perfumaria, lá estava o melhor amigo do meu pescoço fútil, a exibir-se ao lado de um Night, de um Diamonds e de um Classic: o meu Emporio Armani White.
A fragrância italiana made in France que me lembra Lisboa à chuva, vai levar-me a Paris. Cheira a Inverno, nos dias em que o Inverno se instalava nos martelos do meu piano e me convidava para ir para o café. Cheira ao metro, ao guarda-chuva, à cidade tagarela, às botas mais caras que tenho no armário. Cheira ao meu namoro.
Oui, mademoiselle is back to white.

8 comentários:

Ricardo disse...

Sobre o tema dos perfumes tenho duas experiências a contar - uma minha e outra do meu melhor amigo.
Quando comecei a trabalhar tive um colega muito bem parecido com bastante sorte com o sexo oposto que usava «Lucarelli». Claro que, com um dos meus primeiros salários, comprei logo um frasco grande. A gente não acredita nas bruxas, mas que as há, há! Este perfume deixou de ser comercializado alguns anos mais tarde e é por isso que agora anda toda a gente deprimida.
Ora o meu melhor amigo casou e foi a França com a mulher para gozar a lua-de-mel. Andaram em Paris, pelos Champs Elisées, a bafejar as montras. Nem valia a pena entrar nas lojas pois pediam-se muitos francos. Hoje há o euro e, pelo menos, já é mais fácil fazer contas. Pois bem, depois de muito sofrerem, resolveram entrar numa daquelas perfumarias e encantar-se com a disposição dos objectos. Após longo namoro, lá se decidiram pelo «Un Jour», do Charles Jourdan. A vendedora achou graça aos dois pombinhos que se apresentavam diante dela e, na hora do embrulho a preceito (normalmente os franceses não os fazem), encheu-lhes o saco de amostras de outras marcas.
Quanto a mim, desde o «Lucarelli», deixei de usar cheirinhos. É bom para a pele, mesmo assim tantas vezes irritada.

Ricardo disse...

Vejo que substituiste a foto dos pombinhos na praia por uma gayvota pensante. Preferia que em lugar da dita estivesse a Flaflu a imaginar todo o peixe que poderia integrar a sua alimentação racional.

Ricardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo disse...

Desculpa se sou chato mas esquici-me de te dizer que podes melhorar as tuas fotografias com o programa GRÁTIS da Google - o Picasa2. No motor de pesquisa escreves Picasa2 e «Sinto-me com sorte». Interagir com ele é fácil e podes melhorar substancialmente a qualidade das fotos.

Marta disse...

MArgarida como eu adoro as coisas lindas que escreves! e digo coisas porque texto é associado a palavra na sua maioria sem metade da qualidade, da expressão... é uma questão de música, entendes? entendes pois... afinal, conhecemo-nos através da música...! vê se nao te esqueces do meu café =) beijinho grande!

Anónimo disse...

Há dias assim, com perfume ou sem. Fazem evocar as coisas vividas, as coisas sentidas mal ou bem.
Leva contigo o perfume, leva-o contigo para Paris, se puderes transportá-lo no avião, para recordação dos que te querem bem.

i disse...

Percebo. Há até hoje um perfume (simples e barato, diga-se) que adoro mas não consigo usar. O frasco vazio está há anos no armário, mas ainda tem cheiro. Quando - de muuuuito em muuuuito tempo - encosto o nariz ao vidrinho, há uma montanha russa emocional que me trás palpitações.
Curiosos, os perfumes.

A Tendinha disse...

Tenho um desses que me deram há um par de anos e continua como veio (menos a bafejadela de teste). Não gostei. Gostos!!