Sei que é impossível fugir à publicidade. Estou em minha casa, no meu quarto, na minha secretária algo caótica (apesar das férias) e através da visão periférica consigo alcançar: um Fujitsu Siemens, um Nokia, uma caixa de O.B., um calendário do Hotel Moliceiro, um cartão dos Bombeiros Voluntários dos Estoris (Estoris... é de todos os Estoris do Mundo!!!), um bâton da Sephora, uma caixa de óculos João Rôlo, outra caixa de óculos da Mango, um Chupa-Chups, algumas Stabilo Boss. Enfim, sinto-me, de facto, uma vendida, embora também não tenha grandes hipóteses.
Mas por amor de Deus. Na praia??? Mas já não chega o creme da Piz Buin, a revista Happy, a toalha da senhora do lado que, pelos vistos, lava a cabeça com Loreal, o guarda-sol da Olá? Não! Tiveram que meter avionetas da Seat a fazer acrobacias a 5 metros de distância das pessoas; avionetas a puxar aquelas redes ridículas que dizem coisas tipo: "Hoje às 21h30, Aldo Lima no Fórum Almada", ou até "Parabéns Rita", sendo que a Rita, provavelmente, nem está na praia, porque nunca vi ninguém reagir de forma eufórica à passagem de um avião destes.
Hoje, passou um avião da TMN. E lá foi, rápido, a atravessar a costa dos "Estoris", a poluir, a fazer barulho... e logo a seguir, surge no horizonte um objecto ridiculamente lento: um barco à vela. Ora, um barco à vela sem vento e sem corrente, com as velas levantadas a dizer Optimus não me convence. Não sei, parecem-me factores naturais importantes para velejar. E garanto-vos que não sou nenhuma croma da vela, para afirmar isto com tantas certezas. Sempre que fui posta num barco com posições importantes, consegui fazê-lo virar. Uma das vezes foi no rio Tejo, onde me fartei de engolir água. Pena foi só ter reparado mais tarde que havia ratos mortos a passar.
Enfim, uma pessoa vai para a praia aproveitar a natureza, o mar, os castelinhos na areia, as crianças, o livrinho e estão sempre a dar a ideia de que estamos no comboio a ver mupis, na net a carregar em links, no sofá a ver televisão. Porque é que não deixam a publicidade actuar sozinha? Ela já faz parte de nós, já está entranhada na pele para a proteger do sol, já está no software do telemóvel, já está na roupa, nas chinelas, enterrada na areia (baldes e pás da Imaginarium). Para quê acrescentar objectos estranhos ao habitat publicitário da praia?
É que se for preciso, depois de passar um avião da Água das Pedras, pede-se ao senhor do bar uma Água das Pedras, o supra sumo publicitário, que está para a água com gás como os Kleenex estão para os lenços de papel (impuseram o seu nome aos objectos, sendo que um Kleenex é um lenço de papel, mesmo que seja da Renova) e o senhor diz que não há. Não há? Não há água das pedras? (igual a: "não água com gás?"). Não, só há Frize. Ora, vale de muito a extra-publicidade na praia, vale.
7 comentários:
Estás tão snob, Ana! Só exploras os viveres esplendorosos, com sol, água, areia, bronze, coisas ao longe trazendo vida, embora poluente por causa da Rita, que se mantém discretamente a vibrar sozinha, não é espalhafatosa como tu, que correrias pela praia fora atrás da mensagem aérea... Quanto a essa referência macabra aos ratos mortos das tuas experiências à vela, foi mesmo só para generosamente apagares a
inveja dos que ficam em casa a imaginar as cenas, né?, limitando-se a resmungar azedamente contra os papéis das inúmeras publicidades na caixa do correio, que os pruridos ecológicos obrigam, malgré tout, a despejar no papelão, no dia seguinte, de carro, pois que os contentores estão a três quarteirões de casa...
Por isso vais fazer uma pós-graduação na estranja, Margarida. Vamos ter muito brevemente entre nós, com as suas ideias revolucionárias (de tipo colocar um néon Optimus-TMN-Vodafone na Lua que seja visível em Portugal e que substitua toda a tralha que por aqui nos enche a paciência), a solucionadora de todos os excessos publicitários do mundo. À cautela, no entanto, não vá o diabo tecê-las e se torne proibido, atrevi-me a colocar esta foto do botezito como fundo do ambiente de trabalho do meu Fujitsu Siemens.
Quanto aos estoris, não te esqueças de que há o S. Pedro, o S. João e o Monte, além do Estoril-mãe e do Sol, o casino e esteve para haver também um Stº. António... na capital do império, no entanto, não estiveram pelos ajustes e os murtalenses recusaram-no com muito orgulho (pelo menos foi esta a história que em tempos me venderam como boa).
N t preocupes q nós vamos mudar de praia! a partir do próximo fds só Guincho! ouvi dizer q lá há muito mais "natureza" para observar! ;P
hahahaha! suspeito que qq dia sou despedida do meu emprego sem contrato...
Mas indo ao post. devo confessar que essas coisas normalmente me passam ao lado, somos de tal forma bombardeados que nem me dou conta. Isso explica porque tenho um chapéu à cowboy cor de laranja da optimus no meu quarto e ainda não tive pacienia para o mover (para onde?).
Eu achei uma boa campanha... Podia fazer a lista de razões... mas abstenho-me. Talvez esteja a ficar uma nerd insuportavel do marketing (só talvez).
Anyway, so pra que vcs saibam, (LOL) o mundo do mkt anda muito preocupado com o "bombardeamento" sentido pelos consumidores e prometem travar um pouca a coisa (LOL)
Ja me calei. Nao falo mais nisso!
ahah o comment da Marina! sim, eu não ligo nada à publicidade, só tu e a Marina que percebem do assunto é que notam e sabem analisar :P mas é bom, falem! preciso de aprender coisas!
ah, é verdade, eu queria passar de barco! mas quando passou por aqui tava a trabalhar!! snif
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