quarta-feira, 9 de julho de 2008

Seguros


Ontem fui tratar de um problema com o seguro do carro. Estava preparada apenas para tratar do problema. Saí de lá com um seguro para os dentes e com estes belos panfletos de início de século - século XX - (ver qualidade da imagem), da LUSITANIA Seguros, com imagens de pessoas que têm cara de tudo, menos de lusitanas. Para além disso, fui confrontada com questões do estilo: "Se os ocupantes morrerem, o seguro cobre x, se ficarem (apenas) inválidos, o seguro cobre y". Ou "Imagine... se for contra um autocarro cheio de crianças, fica bastante caro, porque fica responsável pelo tratamento de muitos ocupantes, mas o seguro cobre isso tudo!". Mas é que é obvio que eu, no meu mini carro, vou lesar um autocarro cheio de crianças! Coitada de mim se for contra um autocarro cheio de crianças!
Os seguros funcionam a humor negro. Só que, como aliás é característica deste tipo de humor, muitas vezes, não têm graça nenhuma. Encarnam os nossos momentos de depressão. Pensar na morte, nas doenças, nos acidentes que nos vão deixar incapazes de mexer as mãos... credo! Para verem o teor da minha discussão acerca do seguro automóvel, a minha interlocutora "bateu com a mão na madeira" quase sempre, antes de falar. O que me preocupa é que a mesa era de ferro (ou qualquer coisa do género). Agora não sei, preocupem-se comigo. E pensem também nos meus dentes que nunca tiveram problemas, MAS QUE VÃO TER e, por isso mesmo, precisam de um seguro de estomatologia! E enquanto vão pensando, vejam lá aqui esta solução oferecida pela LUSITANIA:
Tem a família enfiada numa casa, tem carro e empregada doméstica, gosta de caçar nos tempos livres, trabalha comodamente por conta própria e, acima de tudo, tem muito medo de vir a perder drasticamente esta vidinha estável? (esta é a parte que nos leva a fazer seguros, mas que, não sei porquê (sei sim, bolas!), fica sempre escondida por detrás destas pessoas felizes da imagem, aparentemente sem problemas de maior). Pois então:
  • Renda Familiar - A estabilidade garantida
  • Acidentes Pessoais - Sempre ao seu lado
  • Residentia - Você e a sua casa
  • Automóvel - Na estrada em segurança
  • Saúde Auro - Você escolhe melhor
  • Empregada doméstica - Para quem olha por si
  • Caçador - Segurança no lazer
  • Trabalhador Independente - Seguro de si

Conclusão: se tem uma vida perfeitamente normal, pense (com muita imaginação) em assegurá-la em todas as suas particularidades. Pior é que com oito seguros a pagar ao fim do mês, os seus bens podem acabar na feira da ladra. Há que fazer pela vida! E já agora, estas novas teorias do marketing pseudo pessoal levam a situações tão ridículas como a da "Segurança no lazer" do "Caçador". "Eh pá, olha que isto é mesmo para mim!" Francamente...

Felizmente, em Portugal, a situação ainda é a contrária: comprar o Ferrari e o seguro contra terceiros (não há dinheiro suficiente). Mas vê-se que há um esforço por parte dos seguros para combater isto.

4 comentários:

Ale disse...

e as pessoas q trabalham nas funerárias? no outro dia apareceu-nos o catálogo de caixões! muito pior k esses panfletos do seguro! eram fotografias "apetitosas", com diversos tipos de madeira e design,requintados detalhes no exterior, sem falar na possibilidade de cor e textura dos acolchoamentos internos! tudo para suavizar os impactos da descida do caixão e claro, para que o morto, quando estiver debaixo da terra a ser devorado pelas larvas e reduzido a pó, se sinta o mais confortável possível e sempre na moda! o quê? n estar fashion? nem morto!

Anónimo disse...

Depois do teu texto anterior, como é que a gente ia deixar de se preocupar contigo? Felizmente que é obrigatório o seguro contra incêndios, totalmente imprescindível na tua casa! Mas depois deste negro discurso de humor, para mais em vésperas de partida, só nos resta encomendar-te a todos os santos. E que Deus te proteja sempre, Ana, com seguro ou sem.

Ricardo disse...

O mais seguro ainda é não sair de casa e, mesmo assim, há que se acautelar para que o tecto não nos caia em cima. Se fosse a ti fazia um seguro contra o desgaste das cabeças dos dedos pois, à razão do comprimento dos teus textos que é cada vez maior, calculo que dentro de dez anos terás que usar chapas de madeira para evitar a erosão natural da unhas provocada pelo contacto com o teclado do portátil.

Anónimo disse...

foi a primeira vez que li sobre seguros sem me chatear. até me ri! é uma coisa bastante macabra é...