segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Venha o Inverno



É só uma questão de voltar a pôr a máquina fotográfica na mala. Não, não é. Não há criatividade que resista à inércia. É difícil voltar a escrever.
Durante este mês, pessoas e mails (na medida do possível) entraram por esta casa. Pessoas e mails sairam desta casa. Das pessoas e dos mails, excluo-me totalmente: estva demasiado ocupada a venerar Sciences Po. Acontece que há uns tempos me chamaram Margarida e o nome soou estranho na minha cabeça. An? Os franceses dizem que Margueritte é "La Vache", porque parece que houve, em tempos, uma bela vaca chamada Margarida (tradução portuguesa), que acontecia ser uma Superstar. Claro está, o meu "nom composé" deixou de o ser, para dar lugar a um sem sabor (desculpem papás), Ana. Que toda a gente escreve com dois "n". Para além de evitar a associação directa ao animal que todas nós adoramos ser, evita a segunda expressão adorável: Ahh, Margarita!
Foi a partir desse ínfimo momento de perda de identitdade que um sentimento lamecha surgiu em mim: importantes importantes são as pessoas que ainda conhecem o meu segundo nome (salvo raras excepções). Curiosamente, são essas as pessoas a quem deixei de escrever. Sim, reformulando, cérebro inerte resiste à criatividade. Mas não à lamechice.
Daí o novo look: é Paris, sim, com o seu mau tempo (Londres é mito, é para Paris que viajam as nuvens - e metade da população mundial nalgum momento da sua vida) e com o seu café tão podre como o "leader price" que se faz em casa. Com o seu metro de há um século onde as baratas também são seres cosmopolitas. Com os seus pombos doentes, com o seu presidente adorado na Europa (ironia), com... não me ocorre mais nada de mau para dizer (bolas!). Ocorrerá. E de bom também. Para isso é que servem os blogs.
Afinal, é só uma questão de voltar a pôr a máquina na mala. E de pensar que observar pode durar para sempre. Com uma pequena nuance, que nos coloca numa posição incomparavelmente melhor que a desta pequenina criatura: não somos feitos de pedra.

10 comentários:

Anónimo disse...

Desculpa, filha,
e a Marguerite Duras? E a Yourcenar? E a do "Fausto" de Gounod? Tantas Margaridas e só se lembram da vaca? Bem, se é a do filme "La vache et le Prisonnier", com o Fernandel, até é uma vaquinha querida!
Bonne nuit
maman

Ricardo disse...

Ora aí temos o saudoso blogue afrancesado. Do mal o menos! Está bem escolhida a foto do pensador (macacóide). Continuo a gostar da tua escrita, da auto-crítica (não sei se todos te perdoarão o afastamento mas eu sim, pronto). Por cá o sol continua a brilhar e já há quem diga "Venha o Outono" mas nós, é uma fatalidade, estamos sempre atrasados em relação à Europa. Estou a ler, do Laurent Gaudé, prémio Goncourt 2004, «O Sol dos Scorta» - irias adorar pela força e sabedoria adquiridas pelo clã, e pelas comparações que, irremediavelmente, irias ter de fazer. No caso de preferires, podes consultar em http://margueritelavachemulticolore.skynetblogs.be/ a história da tua homónima, que em nada deslustra o teu bom nome, Margarida. Cá continuamos sempre à espera de informação mais diária - ou não consegues adquirir matéria que mereça crítica aí onde te encontras?

i disse...

biscoita!!! Ah! regressaste!! eu ainda cá passava mas sem esperança. welcome back! estás quase a voltar a pisar solo português e aqui toodaaaa a gente sabe que Margarida é nome de flor, e por isso, muito bonito!

A Tendinha disse...

Então toca a pôr a máquina na mala e os dedos no teclado, que nós sentimos a tua falta (acho que posso falar por todos os leitores, nao é, leitores?!) Toca a trabalhar, que estamos ávidos de te ler!

E podes ficar com o Inverno, que eu prefiro o calorzinho! :)

Fátima disse...

oh. isto fez-me lembrar os telefonemas dos meus primos. "como estás? farto de chuva, farto do café que é água suja".
saudades tuas!

Anónimo disse...

Eu estou como i, também por aqui passava na esperança... Pois, Ana, sois la bienvenue, não faças interregnos tão dilatados. Lembra-te de que ficaste de nos encher os olhos com as tuas referências ponderadamente critiques a esse belo país das Lumières.
Por cá, também há Margaridas, a tua trisavó paterna era uma delas, e não esqueças a sabedora e cismada Margarida, pupila do Sr. Reitor, que casaria com o Daniel, médico, filho do José das Dornas e irmão do Pedro, lavrador como o pai, o qual viria a casar com a estouvada e alegre Clara, outra pupila, meia irmã daquela, por parte do pai, que a mãe era bem madrasta para a Margarida. Olha, Ana querida, nem tu calculas a alegria que nos dás. Do teu pai, então, nem se fala... Quanto à vaca, nós também tivemos uma - Cornélia de seu nome - bem célebre, e bem engraçada. Um grande xi-coração, cá deste prado florido.

Anónimo disse...

Ôi, viva, miúda! Eu, como outros, pelos vistos, também por cá passava. Sempre te chamei Ana, não sei porquê... Não me interessa o nome. Vale a pessoa, não é? Pensava que as viagens das sobrinhas iam ser a actualização das tias, nesse Paris de que tanto gosto. Eram as possibilidades da net, achava eu e tu farias um blog com fotos. Vais voltar, pelos vistos, não é? Bom regresso. A Notre-Dame tem um pensador.

Anónimo disse...

Engraçado, nós aqui em Barcelona também estamos a viver uma "situação" com os nomes.. http://l-d-v.blogspot.com/2008/11/como-que-te-chamas.html ;P
e já me mancavam as tuas estoires!
biju

Ricardo disse...

Margarida. Fiquei contente ao visitar o blog Para lá do Espelho e ver que, em Macau, existe um redireccionamento para o teu. Há que voltar a publicar... nem que seja só imagens... imagino que a malta ficaria bem disposta.

Anónimo disse...

isto é um bocado publicidade enganosa, porque agora abandonaste-nos outra vez.
sabes que paris veio a lisboa?