segunda-feira, 12 de maio de 2008

Venha o irreal


Esta fotografia foi tirada no Museu Colecção Berardo no CCB. Não me lembro de quem foi a magnífica ideia, mas lembro-me que suscitou em mim um interesse especial. Nada de intelectual, não se preocupem (embora desse um bom trabalho para a faculdade. Tudo o que substitui um objecto real por outro dava um bom tema para a faculdade). Mas os meus neurónios já não são o que eram, de modo que fiquei fascinada, isso sim, pela questão digamos que mais ligada à bricolage, à decoração... isto porque as plantas dão muito trabalho. Enfim, nada de extraordinário, que nos deixe de rastos ao fim do dia, mas dão. São um ser vivo a mais. Quieto e verde, mas bonito.
Também eu tenho um cacto lá em casa, que está talvez na divisão menos simpática de todas. Sim, o cacto está na janela da casa de banho. Porquê? Porque a casa de banho tem muita humidade. Imagino que aquela planta não seja especialmente feliz. Quanto às outras plantas, estão em sítios normais e são regadas em dias diferentes. Se são ou não felizes...? no idea. O bonsai... o bonsai foi vítima de uma total ausência de savoir-faire. Claro que lhe cortei as folhas secas (mas isso era só em Janeiro!!), claro que o pus ao sol (mas eles secam ao sol!!), claro que falava com ele (mitos!!)... tão pequenino... durou umas semanas. Se calhar estava a hibernar...
Complicadas as plantas. Mas quem é que se convence a comprar a imitação, com o orvalhinho de cola a escorrer estático? Não, não é solução. Solução arranjou aqui o nosso amigo que encontrou mais dois tipos de plantas, essas nada reais, mas sem pretensões de o ser. E porque não? Porque não pendurar uma definição de cacto no quarto, uma fotografia na sala e deixar o cacto em paz? De certeza absoluta que seria mais feliz que na casa-de-banho.

4 comentários:

Ricardo disse...

A felicidade atinge-se em qualquer lugar, Margarida. Se o cacto está verde na casa de banho, é porque está feliz. Estou a lembrar-me de um certo anfíbio verdinho que, estando durante muito tempo quietinho e bastante mole, foi parar ao céu das tartarugas. Não é que não ficasse feliz lá mas vim a saber tempos mais tarde que essas bichas hibernam. Afinal também a verdura de Alvalade hibernou durante o campeonato inteiro e está feliz com o segundo lugar conseguido.

Ale disse...

Ai se eu tivesse feito o trabalho de semiótica sobre uma coisa que substitui a realidade em vez do tema da mini-saia, secalhar, só secalhar, teria tido melhor nota!
Eu tb tinha um cacto, era o "cacto pacato" nas vezes em q eu n me esquecia dele na varanda, ficava em cima da tv do meu quarto... morreu à sede parece-me...

FrankfurtGuy disse...

"plant" é de Joseph Kosuth de quem tenho uma instalacao de neon "Scheiß Frühling" (Merda de Primavera) e um print limitado e assinado da série Rules and Meanings mando umas fotos via email do Ri.
E, a coleccao do Joe Berardo vale mesmo ... vi grande parte dela faz uns anos, quando ainda estava em Sintra. Beijinhos de Frankfurt

Anónimo disse...

Não há nada tão doce e tenrinho como um(a) sobrinho(a)-neto(a), mesmo...