domingo, 25 de maio de 2008

Cliché


Às vezes temos que ceder às tentações. As cotoveladas matinais no metro, o silêncio que se propaga tão rápido entre tantas pessoas, a corrida para conseguir um lugar sentado, tornam estas fotografias especiais. É possível subir estas escadas quase sozinho às seis da tarde. É possível que haja metros bonitos no mundo. É possível que do céu cerregado não caia uma única gota de chuva. É possível captar os dois pássaros (pontinhos pretos minúsculos) exactamente no momento em que eles passam pelo centro do enquadramento, completamente sem querer.

Parece que o metro chegou à ilha do Robinson Crusoé. Ou à América do tempo do Cristóvão Colombo. Aqueles pontinhos pretos minúsculos até são duas gaivotas. Mas também parece que ninguém quer lá ir.

Antes de tirar esta fotografia exclamei: "Oh, que bonito". E a voz irónica (sublinho, irónica) ao meu lado, disse: "Vá, tira lá uma fotografia e põe no blog" e começou toda uma conversa sobre: "Oh, que linda ficava com o título Escadas para o Paraíso ou Chuva Quieta ou O Belo e Calmo Recanto Lisboeta". Gozámos, rimo-nos e até referimos o Nicholas Sparks. Só que lá tirei a fotografia. Nunca se sabe.

É isso. As fotografias cliché não deixam de ser bonitas. Podem ser pirosas, vulgares. Mas não deixam de ser bonitas. E já agora a pergunta cliché: quem adivinha que saída de metro é esta?

7 comentários:

Ricardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AJS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo disse...

Pois é, Margarida, estou contente de saber que estás bem de saúde. Este tempo todo em que não andaste na onda deu ânimo à avó B para se iniciar em http://poramaisb.blogspot.com . Essa foto está muito bem apanhada mas saber onde é que decorre a acção é que não sou capaz. Em França sei que não é. Pensei nas estações da Baixa/Chiado mas tem os prédios à frente; o Terreiro do Paço não me parece por causa dos ministérios; a única que me parece plausível é uma das bocas de metro do Marquês de Pombal. Quanto ao título da vivência, não te importes com o que os demais pensam - o que importa é o que vai no íntimo de cada um. Já agora, com que máquina paraste tão bem o tempo? Já sei de onde é que vem a expressão dos basbaques de nariz empinado a dizer «olha uma gaivota morta!»

Anónimo disse...

alameda?

Ricardo disse...

Já sei! É Santa Apolónia! Acertei, acertei, acertei... ôba, ôba, ôba!

Anónimo disse...

nunca chegaria lá...Santa Apolónia!

AJS disse...

Já estava com saudades de ver um dos teus Post!!! Há quanto tempo e acredita que tenho vindo todas as noites ver se o meu blog favorito já tem mais qualquer coisa que me faça rir ou pensar sobre os temas a que nunca presto a merecida atenção. Quanto à saída do metro só pode ser uma das do Marquês de Pombal, porque às 18H00 e sem ninguém a passar só pode ser nessa zona da cidade... As gaivotas dão a pista pois quando há tempestade elas viajam para terra...
25/05/2008