Às vezes temos que ceder às tentações. As cotoveladas matinais no metro, o silêncio que se propaga tão rápido entre tantas pessoas, a corrida para conseguir um lugar sentado, tornam estas fotografias especiais. É possível subir estas escadas quase sozinho às seis da tarde. É possível que haja metros bonitos no mundo. É possível que do céu cerregado não caia uma única gota de chuva. É possível captar os dois pássaros (pontinhos pretos minúsculos) exactamente no momento em que eles passam pelo centro do enquadramento, completamente sem querer.
Parece que o metro chegou à ilha do Robinson Crusoé. Ou à América do tempo do Cristóvão Colombo. Aqueles pontinhos pretos minúsculos até são duas gaivotas. Mas também parece que ninguém quer lá ir.
Antes de tirar esta fotografia exclamei: "Oh, que bonito". E a voz irónica (sublinho, irónica) ao meu lado, disse: "Vá, tira lá uma fotografia e põe no blog" e começou toda uma conversa sobre: "Oh, que linda ficava com o título Escadas para o Paraíso ou Chuva Quieta ou O Belo e Calmo Recanto Lisboeta". Gozámos, rimo-nos e até referimos o Nicholas Sparks. Só que lá tirei a fotografia. Nunca se sabe.
É isso. As fotografias cliché não deixam de ser bonitas. Podem ser pirosas, vulgares. Mas não deixam de ser bonitas. E já agora a pergunta cliché: quem adivinha que saída de metro é esta?
7 comentários:
Pois é, Margarida, estou contente de saber que estás bem de saúde. Este tempo todo em que não andaste na onda deu ânimo à avó B para se iniciar em http://poramaisb.blogspot.com . Essa foto está muito bem apanhada mas saber onde é que decorre a acção é que não sou capaz. Em França sei que não é. Pensei nas estações da Baixa/Chiado mas tem os prédios à frente; o Terreiro do Paço não me parece por causa dos ministérios; a única que me parece plausível é uma das bocas de metro do Marquês de Pombal. Quanto ao título da vivência, não te importes com o que os demais pensam - o que importa é o que vai no íntimo de cada um. Já agora, com que máquina paraste tão bem o tempo? Já sei de onde é que vem a expressão dos basbaques de nariz empinado a dizer «olha uma gaivota morta!»
alameda?
Já sei! É Santa Apolónia! Acertei, acertei, acertei... ôba, ôba, ôba!
nunca chegaria lá...Santa Apolónia!
Já estava com saudades de ver um dos teus Post!!! Há quanto tempo e acredita que tenho vindo todas as noites ver se o meu blog favorito já tem mais qualquer coisa que me faça rir ou pensar sobre os temas a que nunca presto a merecida atenção. Quanto à saída do metro só pode ser uma das do Marquês de Pombal, porque às 18H00 e sem ninguém a passar só pode ser nessa zona da cidade... As gaivotas dão a pista pois quando há tempestade elas viajam para terra...
25/05/2008
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